Os protestos da PSP e da GNR que apontam desigualdades nas forças policiais obrigaram ao adiamento de três jogos, no último fim de semana, incluindo do líder Sporting, na deslocação a Famalicão. Neste caso, o jogo foi adiado e será reagendado oportunamente.
Porém, o protesto pode não ficar por aqui. E caso os polícias boicotem os jogos das competições europeias de FC Porto, Benfica, Sporting e SC Braga, as equipas portuguesas podem ser eliminadas, como explicou José Miguel Albuquerque, advogado e líder da Associação Portuguesa de Direito Desportivo, em entrevista à Agência Lusa.
“Antecipo como possibilidade que os clubes possam vir a ser punidos com a sanção de derrota se não houver um jogo em Portugal a contar para qualquer competição europeia por ausência de policiamento. Isso implicaria mexer com os calendários de equipas que jogam em outros campeonatos, mas que não terão necessariamente de se reajustar. Eu acredito que seja possível que a competição pura e simplesmente siga em frente. Não é que fosse o cenário ideal, mas também não vejo solução.
A UEFA é bastante mais inflexível nestas questões de disciplina. Se não dá, não dá, os clubes são sancionados assim e seguimos em frente. É óbvio que, depois, haveria muita discussão sobre se os clubes tinham culpa e o que podiam fazer. Penso que estamos a navegar num cenário bastante improvável [em termos continentais], mas não sei se será assim tão improvável a não realização de mais jogos de várias provas no país”, explicou José Miguel Albuquerque.
Por fim, José Miguel Albuquerque deixou ainda uma nota mais pessoal sobre estes protestos da polícia, nomeadamente com vista aos incidentes de extrema violência que aconteceram entre adeptos do Sporting e do Famalicão.
“As forças da autoridade podem e devem fazer lutas pelos direitos que entenderem, mas poderiam ter feito isso de outra forma, nomeadamente antecipando logo que não haveria jogo nem polícias destacados, pelo que nem valeria a pena alguém se dirigir para ali. Se calhar, teríamos evitado alguns dos problemas e imagens que vimos. Não quero com isto dizer que a ausência de polícias justifica aqueles comportamentos. É óbvio que não, mas teríamos evitado toda a deslocação dessa massa de pessoas para um sítio que se torna rapidamente num contexto de risco e insegurança”, disse o líder da Associação Portuguesa de Direito Desportivo.