Foi um dos momentos mais emotivos nesta primeira manhã de julgamento ao caso da morte de Sara Carreira. Ivo Lucas prestou depoimento e relatou, com muita emoção, os últimos momentos de vida com a jovem cantora, que perdeu a vida, a 5 de dezembro de 2020, na A1, na zona de Santarém.
Em Tribunal, o cantor e ator, que conduzia o carro ao lado de Sara, revelou novos detalhes sobre esse fatídico dia.
“Eu e a Sara fomos ao Porto tratar da marca de roupa, e nesse dia a única pessoa que tinha possibilidade de ir com ela era eu. Saímos de casa por volta da hora do almoço, estivemos com a D. Fernanda e com o Mickael em casa.
Fomos buscar peças de roupa da marca que a Sara estava a preparar. No armazém houve algumas trocas de produtos, mas arrumámos as coisas e viemos para Lisboa”, começou por contar Ivo, antes de revelar sobre problemas com a entrega das roupas.
“Eu apercebi-me que houve um desentendimento entre a Sara e quem estava a fazer a entrega na altura. As roupas não estavam prontas”, disse o cantor.
No regresso a Lisboa, pararam, então, numa área de serviço. Ivo Lucas começou a chorar, neste momento do depoimento. “A Sara tinha um ritual que gostava muito de comer canja nos dias de frio. Nós parámos de propósito”, contou Ivo Lucas, que não se recorda, se pararam em Santarém ou antes.
“Quando saímos do Porto estava alguma chuva, mas depois fizemos o caminho sem problemas. Não sei precisar a velocidade, nós não tínhamos pressa em chegar. Nós íamos a fazer a viagem tranquilos”, continuou o cantor, antes de voltar a ser tomado pelas emoções.
“A Sara faz a chamada, diz que está tudo resolvido, diz que ainda tem tempo de ir treinar, porque tínhamos um ginásio onde nós vivíamos…”, revelou, já em lágrimas, e sem conseguir continuar a falar.
A juíza mostrou empatia com a dor do cantor, que contou as últimas palavras trocadas, com a então namorada. “Eu dirijo-me à Sara porque eu estava a fazer uma personagem e disse-lhe, era a nossa forma de falar, eu digo que a amo muito e que tenho muita sorte de a ter na minha vida. E ela diz-me ‘e eu a ti'”, recordou Ivo Lucas, com grande emoção.
Logo de seguida, só se lembra de Sara gritar “cuidado”, e de ter visto “um vulto”. Não se lembra de mais nada.
“E a única memória que eu tenho é de estar no meio da autoestrada com braço partido sem t-shirt e sem saber onde estava e sem saber da Sara. É tudo muito rápido, todas as memórias que tenho são flashes. Senti muita pressão na cabeça, não sei explicar, é uma sensação de montanha russa”, descreveu Ivo Lucas, num momento de grande emoção, em Tribunal.