Diogo Ribeiro é o novo menino prodígio do desporto português. Aos 19 anos, o jovem tem três finais em Campeonatos do Mundo e três medalhas, as duas últimas este ano e de ouro.
O melhor nadador português de sempre é o novo campeão do mundo dos 50 me dos 100 m mariposa e deixa em aberto do sonho de todos os portugueses, com os Jogos Olímpicos de Paris aí à porta.
No entanto, para lá do sonho de Diogo há também uma história de superação, que é agora partilhada pelo jornalista Luís Osório, no seu Postal do Dia, e que tornam estas duas medalhas de ouro ainda mais reluzentes.
“POSTAL DO DIA
Diogo Ribeiro e a história de um pacto que fez na cama de um hospital
1.
Diogo Ribeiro tem 19 anos e alcançou o topo do mundo.
Fê-lo numa modalidade onde os maiores especialistas diziam que nunca um português haveria de ganhar uma medalha de ouro – e se quisessem candidatar-se a um milagre teriam de treinar nos Estados Unidos ou num centro de alto rendimento em Londres, Paris ou Melbourne.
Diogo Ribeiro tem 19 anos, pouco mais de 1,80 metros, nunca treinou fora de Portugal e é bicampeão do mundo de natação numa especialidade de gigantes de dois metros, os 50 e 100 metros mariposa, as últimas provas em que um português poderia ganhar se porventura acreditasse em milagres.
2.
Ainda não tem vinte anos, mas aquilo que viveu ofereceu-lhe a possibilidade de ter experiências para a troca – é como se tivesse três ou quatro coleções de cromos a mais que agora distribui pelos lugares e pessoas por onde passa.
É que Diogo Ribeiro ainda há dois anos estava numa cama de hospital depois de um desastre de mota.
Quando viu a cara pesarosa dos médicos que o receberam teve a certeza absoluta, mesmo que por umas horas, de que não iria voltar a poder competir, que nunca mais poderia regressar a uma piscina.
Ficou internado com hematomas em todo o corpo, queimaduras nas pernas, um pé fraturado, uma enorme dificuldade em respirar, o ombro deslocado e sem um bocadinho do indicador direito.
Chorou pelo fim de uma carreira em que acreditava.
Só que as lágrimas deram lugar ao combate.
Os exames foram animadores e ele recuperou.
Um mês de cama onde pensou muito sobre o que desejava para si. Sobre os erros que não poderia voltar a cometer. Sobre a dedicação que teria de ser multiplicada. No silêncio jurou que nunca mais falharia no essencial: fazer o melhor possível para atingir o seu limite era a única opção.
3.
E falou com o pai.
Um pai que mitificou a partir do momento que teve a consciência de que nunca mais o iria ver.
Um pai que perdeu aos 4 anos.
Um pai que o ajudou a definir-se na ausência e uma mãe que o definiu quase por completo. A Teresa que hoje também aplaudimos. Porque foi ela quem o convenceu a inscrever-se na natação para não se perder na obsessão por uma ausência.
Não se perdeu.
Na solidão de milhões de braçadas na piscina, o Diogo foi capaz de encontrar um sentido.
E depois na solidão de um hospital, foi capaz de encontrar o segredo para se tornar o melhor do mundo.
Aos 19 anos é o melhor nadador português da história.
E nos próximos Jogos Olímpicos poderá reservar o seu lugar no Olimpo”.
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