Rafa abriu a porta de saída, após a vitória do Benfica sobre o Famalicão (3-0). A fechar o ano, a bomba do jogador que, neste momento, pode assinar com qualquer clube.
“É disto de que vou ter saudades. É um prazer jogar aqui, quero agradecer aos meus colegas, é com eles que quero partilhar todos os momentos e é disso de que vou ter saudades”, disse Rafa Silva, à BTV, após o jogo com o Famalicão, a soar muito a despedida.
As palavras do jogador do Benfica foram consideradas pelo jornalista Fernando Guerra, diretor adjunto do jornal A Bola, como uma traição ao Benfica, mas acredita que o futuro do clube passará bem sem o antigo internacional português.
“Rafa Silva surpreendeu ao dizer o que disse depois de defrontar o Famalicão. Fê-lo de livre vontade. Não foi ingénuo, ele sabe que há oportunidades que não devem perder-se. Por isso, viu nesta declaração, depois do último jogo do ano, que até lhe correu bem, o momento ideal para fazer o anúncio de uma eventual despedida do Benfica. Foi um golpe à traição…
Não sei se a cena estaria preparada, mas estranhei a pressa com que o treinador o corrigiu, ao assegurar que este mês ele não sai, mas não é cem por cento seguro que isso não aconteça mais adiante, para ir à sua vida «como campeão e com títulos». Vistas assim as coisas, estará tudo encaminhado, apesar da posição enigmática assumida por Roger Schmidt. Muita gente quis que ele saísse, referiu, transferindo para terceiros a eventual responsabilidade pela posição bem calculada de Rafa. Por exemplo, porque não a tomou a seguir ao empate com o Farense, há duas jornadas? Ou porque não a tomou antes de Braga, quando Schmidt confessou que se Rafa fosse eficaz «marcaria 25 ou 30 golos por época». Pois é, a eficácia, ou falta dela, sempre foi o seu calcanhar de Aquiles e mais evidente se torna à medida que os anos passam e a disponibilidade física regride.
Li em a A BOLA que o jogador tomou a decisão de sair quando percebeu que a administração encarnada não lhe deu o que ele solicitou para renovar, o que é perfeitamente normal. Uma parte pediu e a outra parte, com a mesma liberdade, recusou, tanto mais que Rafa, ultrapassada a barreira dos 30 anos, não parece em condições de profissionalmente oferecer mais do que até agora foi capaz de dar, sendo certo que o Benfica fez dele um jogador ricamente pago, apaparicado e ao qual dispensou sempre uma infinita tolerância, Schmidt incluído.
Tudo tem o seu tempo, porém, e o presidente Rui Costa já fez saber que quer dar o passo em frente para devolver ao emblema da águia o estatuto de grande europeu. Dizem os maledicentes da paróquia que isso é uma ilusão. Sê-lo-á, de certeza, se não houver ousadia para fazer o que é preciso, no sentido de enriquecer o plantel com sangue novo, juventude bem preparada, irreverente e corajosa, já representada por Trubin, António Silva, João Neves, Florentino Luís ou Tomás Araújo, mais Tiago Gouveia, por exemplo. Nem todos serão estrelas, mas todos serão importantes e é assim que se constrói um plantel, com onze titulares e mais uma dúzia de suplentes a pressionarem diariamente o treinador para serem também titulares.
Rafa Silva já não tem futuro ao mais alto nível competitivo e, como é fácil de entender, não faz parte deste processo. Acaba contrato e o seu empresário deve sonhar com um camião de euros ou de dólares em comissões das arábias, mas um jogador com apenas 25 internacionalizações A, sem registo de golos marcados, que abdicou da própria Seleção por razões que só a ele dizem respeito e que, em termos de cotação nos mercados, em nada o beneficiaram, não está em condições de fazer grandes exigências. Portanto, no final da época, já com 31 anos, terá o caminho livre para tomar a decisão que quiser e prosseguir a sua carreira onde receber o que o Benfica não pode, ou não quer, pagar…
Uma especulação ainda, ou talvez não: por que foi agora que Rafa resolveu ser o protagonista? Porque não estavam cá nem o capitão Otamendi nem a principal figura do plantel, Di María, os campeões do Mundo”, pode ler-se sobre Rafa, no artigo de opinião de Fernando Guerra, no jornal A Bola.
Concordo plenamente que o Rafa ja foi. A idade pesa e nada melhor do que encaixar uns bons milhoes no cemitério dos elefantes. Boa sorte Rafa, obrigado por tudo. Tudo de bom para ti, mereces.