Orkun Kokçu sente que as suas maiores qualidades como jogador não têm sido potencializadas na Luz e está revoltado por não conseguir mostrar realmente que tipo de jogador é.
Numa grande entrevista aos holandeses do De Telegraaf, da autoria do editor-chefe Marcel van der Kraan, Kokçu não recusa a responsabilidade no Benfica mas confessa a desilusão que tem sentido, depois de ter sido contratado pelas águias no início da temporada por €25 milhões: a maior contratação de sempre feita por um clube português.
– As substituições e falta de protagonismo prejudicaram sua autoconfiança?
– Não. Arrisco dizer agora que passei por um período difícil por causa do problema com a minha posição na equipa. Mas durante esse período olhei novamente para a lista de todos os internacionais holandeses que me escolheram como Jogador de Futebol do Ano em 2023.
Ruud Gullit, Wim Kieft, Bert van Marwijk, Jaap Stam, Arnold Muhren, Arie Haan, Roy Makaay , todos homens que ganharam grandes troféus ao mais alto nível. A lista era enorme. Esse é o melhor elogio que pude obter no ano passado. Certamente que essas ex-estrelas fizeram o julgamento certo sobre mim como jogador. Além disso, acho que provei nas últimas temporadas o que valho para uma equipa se for utilizado da forma certa.
– Arne Slot, seu antigo treinador no Feyenoord, fez isso?
– Ele sempre me deixou jogar com a minha maior força e percebeu isso ainda mais cedo do que eu. Já me atrevo a dizer que para mim ele é o melhor treinador de todos os tempos. Como pessoa e taticamente. Também mostrou essas qualidades no AZ. Quando joguei contra ele no Feyenoord e ouvi que ele seria nosso treinador, pensei que não seria bom… Sabia como ele deixou o AZ a jogar e, como jovem jogador, não achei que fosse adequado para o estilo de jogo que ele usou. Mas ele começou a trabalhar todos os aspectos do meu jogo para me desenvolver. Em termos de futebol, sempre fui bom, mas havia mais um nível possível de desenvolvimento. Ele tirou isso de mim, usou-me da melhor maneira possível. É por isso que lhe devo muito.
– Conte-nos um pouco sobre a vida em Portugal.
– Sinceramente, no início foi bem difícil. Isso também se deve ao idioma. Português não é fácil de aprender e por isso muitas coisas passaram-me ao lado. Nessas alturas esperas aproveitar ainda melhor o futebol… Levei dois meses para entrar no ritmo. Mas é realmente um país do sul da Europa. É um pouco igual ao que acontece na Turquia. Tens de ir sozinho atrás das coisas. Na Holanda, és mimado. Não há nenhum país na Europa onde tudo esteja tão bem organizado. Mas não posso reclamar, o clima em Portugal é bom, a vida também, a cidade é linda e tem praias lindas. Mas vim aqui pelo futebol, não pela praia.
– Como é a sua ligação com os adeptos do Benfica?
– Espero conseguir o mesmo vínculo que no Feyenoord. No De Kuip [estádio do Feyenoord], os adeptos enloqueciam quando empurrava a equipa para a frente. Isso elevou-me a um nível ainda mais alto. Ainda não sou o jogador mais popular do Benfica e por um lado posso compreender isso. As expectativas são altas e não fujo disso. Mas então dêem-me o papel certo, onde sou melhor!