A morte de Ana Afonso deixou todo o país em choque. Com apenas 47 anos, e apesar das causas de morte ainda não terem sido tornadas públicas, alguns amigos deixam entender questões relacionadas com saúde mental, que a própria atriz já tinha revelado no passado.
Agora, um dos melhores amigos, Zé Manel, o cantor que foi vocalista dos Fingertips, falou um pouco mais sobre a situação em que Ana Afonso se encontrava.
“Morreu-me a minha Anita. E o que mais me entristece é dizer que não me surpreende. Estamos doentes. Somos doentes. Enquanto sociedade há muito perdemos o rumo. O que nos move, afinal? Qual é o nosso propósito enquanto espécie? Estamos desacreditados no governo, na igreja, na família, no jornalismo, no amor, no mérito e, antes de mais, em nós próprios.
Sabemos demais e substituímos a vontade de sermos felizes pela necessidade de estarmos em paz. Falámos anteontem. A Ana ia ser professora de moda no projeto social que coordeno. A Ana só queria ser vista, gostada e entendida. Claro que nem sempre bem se sucedeu. O mundo não está feito para quem sente demais. Para quem se lança sem rede nos braços de tão vil e julgadora plateia”, disse Zé Manel, antes de deixar um lamento por não ter feito tanto quanto devia.
“Agora, os mesmos que de si fizeram conversa de café, pasmam-se com a sua partida. Nunca a merecemos. Estou certo será sempre melhor acolhida noutro plano que nos olhe além da vista. A mim, vai fazer-me falta. Sempre nos amámos. Como só as almas fazem. Desculpa se não soube driblar as entrelinhas. Andamos todos demasiado ocupados a salvarmo-nos para que escutemos o grito de socorro do vizinho. Enquanto o parecer se sobrepuser ao ser, estamos condenados. Os meus sentimentos à família e principalmente aos filhos. A vossa mãe ama-vos muito”, concluiu o cantor Zé Manel.