A morte de Sara Tavares, no domingo, 19 de novembro, deixou o país arrasado. Muitas pessoas foram apanhadas de surpresa, até pela forma discreta que a cantora sempre levou a sua vida e, sobretudo, esta terrível doença, que acabou por a vitimar.
No entanto, os amigos mais próximos sabiam do sofrimento que este tumor cerebral lhe estava a causar. Por isso, Catarina Furtado esteve, esta segunda-feira, no programa ‘A Nossa Tarde’, da RTP, através de videochamada, a falar sobre esta perda enorme.
“O mais importante legado da Sara, para além da sua generosidade, elegância, do talento, do seu brilho, da sua luz, é a sua música. A Sara só foi feliz no palco. A Sara partiu cedo demais. A Sara tem músicas que são transformadoras, a Sara fala de amor, de fé. Aliás, foi a fé que a ajudou nesta partida.
Ia sempre compondo, escrevendo, porque nos últimos tempos ela já não conseguia comunicar através da palavra. A Sara era uma metáfora, era algodão doce”, contou Catarina Furtado, sobre o sofrimento de Sara Tavares, durante todos estes anos.
“A Sara fez canções de embalar absolutamente extraordinárias, fez músicas sobre o amor, o amor com Deus, o amor com a humanidade, o amor com as suas raízes. Fez essa proximidade que é um legado muito importante, nomeadamente com Cabo Verde mas não só”, acrescentou a apresentadora, que deu a conhecer Sara Tavares ao país, no Chuva de Estrelas, em 1994.
No entanto, foi antes que Catarina Furtado ouviu a cantora pela primeira vez. “Na altura foram uns amigos da escola secundária que fizeram uma ‘vaquinha’ porque ela não tinha nem idade, nem dinheiro para comprar a cassete. Na escola, na associação de estudantes, eles gravaram a Sara a cantar e depois trouxeram a cassete. Estávamos a ouvir o casting do ‘Chuvas de Estrelas’ e ficamos completamente rendidos a uma voz que não conhecíamos a cara, mas que era de uma naturalidade. Não teve formação, não teve aulas, mas tinha o mundo dentro dela. Tinha o mundo bom dentro dela, o mundo que ela queria que fosse, que era um mundo muito generoso, muito mais humano. Ela era uma humanista”, acrescentou Catarina Furtado, sobre a participação de Sara Tavares nesse Chuva de estrelas, quando tinha apenas 15 anos.