Continuam as reclamações contra a falta de apoio do Estado à cultura, que se intensificaram durante a pandemia. Agora, um dos mais conceituados atores e encenadores portugueses revela que pode mesmo ter que ir viver para a rua com a filha, de 15 anos.
Em declarações ao jornal Expresso, Manuel Wiborg revelou como o atraso de um pagamento prometido pelo Estado o está a deixar desesperado.
“O Garantir Cultura responde que está tudo entregue da minha parte, dizem que vão pagar o mais urgentemente possível, mas não podem dizer quando.
Os meus fundos acabaram, completamente! Consegui pagar a renda da casa de fevereiro, mas não tenho dinheiro para pagar a de março. Se o Garantir Cultura não pagar aquilo que tem obrigação até ao final deste mês, eu e a minha filha de 15 anos vamos viver para a rua, vamos passar fome”, desabafou Manuel Wiborg, que contou como se inscreveu e ganhou o programa Garantir Cultura, criado pelo Governo.
Em 2021, o ator e encenador conseguiu um apoio de 40 mil euros, valor que usou para ao longo de nove meses, produzir três audiolivros, criar a peça de teatro ‘Ouvidor Geral’ e ir em digressão até à Argentina com o espetáculo ‘O Homem da Guitarra’, de 2017.
Desses 40 mil euros, o ator recebeu quase logo 20 mil e meteu mãos à obra. Supostamente, a segunda metade do pagamento seria entregue 30 dias depois, mas ao fim de cinco meses, Wiborg continua sem o receber, chegando a uma situação de desespero, uma vez que acabou por investir as suas poupanças nos projetos.
Manuel Wiborg tem sido presença constante na televisão portuguesa. Aos 55 anos, o ator pode ser visto recentemente na série ‘Causa Própria’, da RTP, mas também em ‘Terra Brava’, da SIC, ou ‘Valor da Vida’, da TVI. Foi protagonista da novela ‘O Sábio’, da RTP, em 2018, e tem 64 papeis em televisão, desde a estreia em 1992.