“Foram casos a mais e demasiado evidentes para estar aqui com meias palavras. O que se passou aqui hoje não tem uma explicação. O jogo começou com o completo domínio do Benfica. Uma primeira meia hora excelente, onde fizemos um golo e fomos impedidos de ter um penálti para fazer o 2-0. Há um penálti claríssimo sobre o Gonçalo Guedes, curiosamente com o mesmo árbitro que há poucas semanas fazia de VAR no estádio da Luz e chamou, quase que obrigou, o Artur Soares Dias a marcar um penálti contra nós no Benfica-Sporting, num lance exatamente com a mesma dinâmica. Este teve mais intensidade, mas fez vista grossa. O Sr. Fábio Melo, o VAR, também fez vista grossa sobre este mesmo lance”, disse Rui Costa aos jornalistas, no final da partida de Braga, que ditou a eliminação do Benfica nos quartos-de-final da Taça de Portugal.
O Jornal de Notícias foi ouvir especialistas de arbitragem e a maioria mostrou-se de acordo com o presidente do Benfica, quanto ao lance em que Gonçalo Guedes caiu na área junto de Tormena, com o benfiquista a reclamar grande penalidade. Por essa altura, aos 18 minutos de jogo, o Benfica já ganhava por 1-0 e estava ainda em igualdade numérica com o seu opositor.
“Sem jogar a bola, Tormena atingiu a perna de Gonçalo Guedes, provocando a sua queda. Derrubando-o dentro da área, naturalmente é motivo para grande penalidade, Sendo claro e óbvio, Fábio Melo, no lugar de VAR, com imagens que não deixam qualquer dúvida, devia ter comunicado a Tiago Martins para ir analisar um possível penálti. Assim não sendo é um erro grave da equipa de arbitragem”, considerou o antigo árbitro José Leirós.
Opinião semelhante teve Pedro Henriques: “É penálti. O Tormena nunca tocou na bola e toca no calcanhar esquerdo de Guedes, derrubando-o. Em campo é um lance difícil de ver, não obstante o facto de Tiago Martins ter campo de visão para a jogada, mas é um lance que é fácil de ver pelo VAR. Com acesso à repetição é um erro claro e óbvio. Pode ter havido mais do que um ponto de contacto no lance, mas o contacto essencial é mesmo o pé direito de Tormena no calcanhar esquerdo de Gonçalo Guedes”.
Também Marco Ferreira concorda que ficou por marcar penálti neste lance. “Pontapé de penálti que fica por assinalar, numa situação em que Tormena não tem possibilidade de jogar a bola e toca no pé esquerdo de Guedes. O VAR devia ter intervindo para dar possibilidade ao Tiago Martins de ver o lance. A responsabilidade principal é do árbitro, mas não há justificação para o VAR não ter alertado. Claro que há possibilidade de a visão do árbitro estar obstruída no lance, mas se Tiago Martins não estiver bem colocado também tem culpa nisso. No entanto, acredito que esteja bem colocado, até porque faz o gesto a sinalizar que ‘não há nada’ e esse movimento condicionou depois a decisão do VAR. Erro claro e óbvio do árbitro, Tiago Martins, e do VAR, Fábio Melo”, considerou o antigo árbitro, com críticas ao árbitro e ao VAR.
Entre os antigos árbitros ouvidos pelo JN, apenas Paulo Pereira foi a voz dissonante. “Não acho que seja penálti. O Gonçalo Guedes colocou a perna em frente a Tormena para o impedir de jogar a bola. Que existe contacto é um facto, mas é muito mais provocado pelo jogador do Benfica do que pelo defesa. O movimento do Guedes é evidente. Se estivesse quieto à espera da bola, diria que seria falta, agora a perna esquerda foi buscar o Tormena. A intensidade do contacto, que foi ao de leve, não teve nada a ver com a reação e queda desamparada de Guedes, que, ao teatralizar, mais razão deu à equipa de arbitragem para considerar o contacto normal. O VAR só pode chamar o árbitro se não concordar com a decisão de Tiago Martins e, se não chamou, é porque também não considerou penálti”, concluiu Paulo Pereira, a validar o trabalho de árbitro e de VAR.